Monday, September 24, 2012


Vamos escrever alguma coisa.

Há alguns dias fiquei sabendo de uma página no Facebook escrito por uma estudante de 13 anos falando sobre os problema de sua escola.
A página se tornou bastante popular, atraindo a atenção da mídia e críticas dos funcionários e professores da escola.

A questão parece ser bem complicada... Embora as intenções da estudante pareçam ser louváveis, certamente há melhores maneiras de se fazer isso.

O escritor Dale Carnegie no seu livro "How to win friends and influence people" diz logo no primeiro capítulo:
"Don't criticize, comdemn or complain", ou seja: "não critique, condene ou reclame".

Ninguém gosta de ser criticado. Mesmo quando a crítica é justa e merecida, a pessoa criticada ficará ressentida, magoada, com raiva.

Mas como a estudante poderia se portar? A situação parece ser bem simples. Ela simplesmente escreve na sua página no Facebook sobre coisas que acontecem na escola. Simples. Aparentemente inofensivo.

Mas aparentemente uma professora acabou sendo despedida devido ao que foi escrito no Facebook, outra professora chamou a polícia contra a estudante, a diretora pediu que a página fosse fechada, funcionários da escola reclamam sobre o que foi escrito e o assunto está subindo para níveis superiores, Secretaria da Educação, Ministério Público...

Tudo por causa de uma estudante de 13 anos que escreve na sua página no Facebook.

Isso me faz lembrar Shakespeare, "much ado about nothing", "muito barulho por nada".

Professores e funcionários da escola não querem perder o emprego. Nem terem o salário reduzido ou serem rebaixados.
Tudo estaria bem se a página da estudante não tivesse se tornado tão popular a ponto de chamar a atenção da mídia. E a mídia adora escândalos. Escândalos vendem jornais, aumentam o ibope, aumentam os lucros.

Mas eu não quero dizer que a culpa seja da mídia.  A mídia é o que é, apesar dos pesares.

E há uma outra questão aqui: os "amigos" que apóiam a página da estudante.
Eu acho um pouco assustador e perturbador que tantas pessoas incentivem uma criança de 13 anos a criticar a própria escola.  Me parece covardia mandar uma criança de 13 anos a enfrentar os leões enquanto essas pessoas se escondem no anonimato e se divertem e se alegram vendo a criança e os funcionários da escola serem esquartejados pela situação.

Em inglês se diz "angry mob", multidão em fúria.

Individualmente as pessoas podem ser racionais e razoáveis, mas quando são parte de uma multidão, elas são capazes de fazer e dizer coisas que normalmente não seriam capazes quando estão sozinhas. Coisas violentas, irracionais e ilegais.

Mas o que fazer? Qual é a solução? Eu nem sei exatamente qual é o problema...

Se eu fosse a estudante, o que eu faria? Eu não criticaria a minha própria escola. Mas o meu caso é diferente. Eu nunca senti necessidade ou vontade de criticar minha própria escola. Mas se eu achasse isso necessário, será que eu faria isso?
Criticar é sempre perigoso. Você sempre faz inimigos com isso, você nunca faz amigos.

Será que ela deveria fechar a página no Facebook? Na minha opinião, não. Não vejo nenhum problema em uma pessoa ter um blog na internet, relatando o que acontece na escola, na vida, no dia-a-dia.
Muita gente faz isso. Todos nós deveríamos fazer isso. Todos nós deveríamos escrever um diário relatando o que acontece nas nossas vidas e possivelmente publicar na internet.
O único problema que eu vejo é que a internet pode ser um lugar perigoso, você nunca sabe quem está vendo seu blog, e é sempre uma boa idéia não revelar dados pessoais, como nome completo, endereço, etc.
E no casa de crianças é sempre bom ter supervisão de adultos responsáveis.

Mas o que um estudante deveria fazer para melhorar a própria escola? As soluções mais naturais são a associação de pais e mestres ou o grêmio estudantil. Apresentar idéias, reclamações, sugestões, para os outros estudantes, pais, professores e funcionários da escola, convencê-los a apoiar as idéias para serem apresentadas  a diretoria. Normalmente essa seria a forma mais correta de se lidar com os problemas da escola.

E se nada disso der certo? Existe é claro a possibilidade de denunciar os problemas na internet, usando um blog ou página do Facebook. Em geral internet não dá muito certo, porque a maioria das pessoas simplesmente não está interessada.

Mas o caso da estudante é uma exceção. Por algum motivo a página dela se tornou popular a ponto de chamar a atenção da imprensa e autoridades.
Por que a página dela se tornou tão popular? Na minha opinião uma razão é que a estudante é bem bonita e simpática. Duvido que a página pudesse ter alcançado a mesma popularidade se fosse um rapaz menos-que-perfeito...

O que a escola pode fazer? Infelizmente devido à repercussão da página da estudante, é possível que os funcionários da escola estejam receosos por seus empregos. Aparentemente um professor já foi demitido por causa dessa confusão.
O que eu posso dizer é que o tempo cura tudo. Manter a cabeça fria, ter paciência, ser otimista.
Mais cedo ou mais tarde todo mundo vai perder o interesse. A mídia vai procurar novos escândalos para explorar, o governo tem outros problemas para resolver, o público vai procurar outras garotas adoráveis na internet para torcer e suspirar.
Enquanto isso a escola poderia aproveitar a oportunidade para pedir mais participação dos pais e alunos para resolver os problemas da escola.
Inclusive eu acho que a escola deveria incentivar os alunos a escreverem diários e publicar na internet.
Quem sabe? O próximo Machado de Assis pode estar aí. Além disso o público ABSOLUTAMENTE ADORA ler blogs sobre merendas da escola.  Prova de que as pessoas só tem uma coisa na cabeça: COMER!!

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